Ao trabalho, "colegas".

Existe uma competente cobertura de imprensa em Brasília. Os melhores repórteres políticos do Brasil, obviamente, estão na cidade. Para este grupo seleto de profissionais não há segredos. Todo mundo sabia da namorada do Lula, por exemplo. Por que não divulgaram? Ora, porque não sabiam que a mesma estava envolvida em falcatruas maiores do que colocar almofadas com a cara do ex-presidente nos sofás da recepção. Agora assistimos a um festival de denúncias contra Renan Calheiros (PMDB-AL) e Henrique Alves (PMDB-RN), ambos virtualmente eleitos para a presidência do Senado e da Câmara.

Denúncias vêm à tona, mas nada que estes jornalistas não saibam há anos. Renan e Alves têm um suspeitíssimo currículo e vários envolvimentos com denúncias de uso da máquina e de recursos públicos. Por que não foram denunciados antes? Agora, na última hora e na falta de assunto, espoucam denúncias hilárias. Exemplo? Registram que Alves dobrou o patrimônio nos últimos anos, tendo declarado, inclusive,  "uma fazenda de 32 hectares". Ora, isto é a metade da média nacional de um lote de assentamento de reforma agrária. Já contra Renan, informam que teria pago verbas indenizatórias a assessores, como se praticamente todos os senadores não fizessem o mesmo. O que acontece? Ninguém dá a mínima para as denúncias, pois elas são mais do mesmo. Ambos serão eleitos com larga margem de votos.

Ouvi, esta semana, de um importante jornalista, que Eduardo Campos (PSB), governador de Pernambuco, é um fenômeno eleitoral apenas para a imprensa de Brasília. Não existe nem mesmo no Nordeste, a não ser no estado que dirige e onde seus aliados são donos dos principais veículos de comunicação. Isto sim, é notícia. Isto sim, é matéria. A imprensa de política de Brasília deveria trabalhar mais.

Ontem, Nariz Gelado lembrava desta entrevista de Ricardo Noblat, um dos mais importantes jornalistas políticos do país, concedida à revista Playboy, em outubro de 2005...Acho que ela ilustra muito bem a diferença entre o saber e o divulgar uma noticia.

Playboy: Você já sabia do Delúbio?

Noblat: Comecei a ouvir em meados de 2003 que o Delúbio estava cobrando comissão de fornecedor de governo. Era o que se comentava no meio publicitário, e como eu tenho amigos na área...

E por que não publicou?

Porque só contavam se eu não publicasse. E jornalista não pode viver sem ser capaz de ouvir histórias, mesmo sob essa condição. Muitas vezes essas histórias vão ser úteis mais adiante. Ou vão lhe abrir os olhos e você vai prestar atenção em coisas em que antes não prestava. Logo depois que estourou o caso do Waldomiro, o José Genoíno me ligou dizendo que sabia que a Veja estava apurando um perfil do Delúbio e perguntando por que a imprensa estava interessada nele. Eu respondi que o cara estava por aí cobrando comissão de fornecedor adoidado, que eu tinha ouvido muito isso. E avisei a ele: "Tira o Delúbio e o Silvinho de circulação, porque eles vão se complicar".

E as outras sacanagens de Brasília? A Jeany Mary Corner é só uma promotora de eventos?

Ela promove eventos. E as meninas que recruta se encarregam de promover a felicidade dos convidados. Dinheiro, poder e sexo estão juntos em toda parte, mais ainda em capitais do poder.

Sempre foi assim?

Em 1982, quando cheguei aqui, a Jeany da época era uma funcionária da Câmara. Ela atendia deputados e senadores. Algumas de suas recepcionistas davam expediente na própria Câmara durante o dia. A verdadeira Jeany chegou no fim do governo Sarney e se firmou no de Collor. A República de Alagoas foi uma festa. Agência de propaganda que servia ao governo fretava jatinho para assessor de Collor ir trepar em São Paulo no fim da tarde e retornar para dormir em casa. Mas a própria Jeany já confessou que governo nenhum superou até hoje o governo Lula em matéria de libidinagem - até que Roberto Jefferson estragou tudo.

As fontes de notícias em Brasília, sempre disputadas, já perceberam a importância do blog?

Meu blog aconteceu para os políticos por causa de um furo que dei logo no início. Lula estava reunido com vários ministros discutindo a expulsão do correspondente do New York Times por causa da matéria sobre a relação do presidente com bebida. Nesse momento entra um assessor do Lula com a Constituição na mão: "Olha, presidente, está na Constituição, não pode expulsar o cara não". A resposta foi: "Foda-se a Constituição". A maioria dos jornais tremeria, piscaria dez vezes antes de publicar que o presidente disse "Foda-se a Constituição". Eu publiquei exatamente assim.

11 comentários

Sou capaz de apostar que esses jornalistas sabem direitinho quem ficou ou está ficando rico no governo, quem sai com quem, etc... Mas no Brasil achamos que a vida privada do homem público deve ser respeitada, bem, aí o que temos é a roubalheira indiscriminada e a sacanagem rolando solta, com o nosso dinheiro, é claro.

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Sobre Eduardo Campos, dias atrás eu estava tentando me recordar de onde e quando tinha surgido esse sujeito. Leio os noticiários diariamente, nunca tinha ouvido falar dele, o sujeito governa um estado pequeno, só tem votos por lá, é desconhecido no resto do país e subitamente ganhou espaço na mídia.

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Noblat? Petralha de carteirinha? vc acha que elle ia ou irá fazer alguma coisa que envolva seus cumpanhêros? Tenha santa paciência, Noblat é mais um delles na esgotosfera.
Deixei de participar do seu (dele) blog assim que percebi, que elle é um petralha, e petralha sabe como é não tem o menor pudor.
Exemplo: Enquanto o "mundo pegava fogo" elle falava(durante acho que meses) do nascimento da sua netinha. Não é meigo? :(

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Ué,não entendi porque avisar para tirar o Delú e o Silvinho de circulação...

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FODA-SE LULA !!!!!

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É Coronel. O que você colocou em vermelho é uma confissão de culpa do "grande jornalista", não é mesmo ? O petralhão de carteirinha é cúmplice, hehehe. Durma-se com isto.

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O Brasil é um enorme BBB.

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Cel

Tenho dúvidas sobre a afirmação, central ao seu post, de que trabalha em Brasília a nata dos repórteres políticos. Acho até que a espécie está em extinção -- ao contrário de outras capitais que concentram políticos e jornalistas no mesmo espaço, como Washington. Acho que a qualidade da cobertura política no Brasil acompanhou a queda da qualidade da nossa política. Basta um exemplo recente: durante a fase da elaboração da Constituição de 88 existia um grupo de parlamentares apelidado de bancada da governabilidade. Eram nomes como FHC, Delfim, Serra, Dornelles e outros mais -- a gente pode concordar ou não com as idéias políticas e a atuação de cada um deles mas, dificilmente, discordaríamos do fato de serem preparados do ponto de vista intelectual. Isso desapareceu do mapa em Brasília, essas paragens que você frequenta com entusiasmo que não sei onde foi buscar (afinal, se não é candango idiota e preguiçoso, é funcionário público idem...). A figura do bem informado jornalista enfronhado em política também está sumindo. Antigamente, quem cobria política em Brasília sabia que algumas fontes eram boas, outra nem tanto, mas era possível cumprimentar qualquer uma delas sem ter de ir desinfetar a mão depois. Hoje não é mais o caso. Quem pode ser considerado hoje fonte boa em política? Ladrões? Corruptos? Safados interessados só em negociatas? Os únicos que ainda pensam política são os petralhas. Que só conversam com jornalistas idem. Essa perspectiva é deprimente, eu sei. A imprensa brasileira de maneira geral é menos informada, menos preparada, menos engajada do que foi há 30, 40 ou 50 anos. As figuras mais respeitadas hoje quase todas tem como origem aquele período. Há uma falta notória de profissionais de grande calibre. Em boa parte isso é resultado da obrigatoriedade do diploma de jornalismo, que garantiu às redações apenas Patricinhas e Mauricinhos. O caso mais gritante é o da televisão. Se você tirar os profissionais de vídeo mais velhos, o resto é intercambiável (com exceção dessa Bomfim da Globo, que é deliciosa no video). Tristes latitudes políticas as tuas, coronel.

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Petista de "carteirinha". Até deu conselhos para o Genoino sabendo que os graudos estavam cobrando propina. Esse é o tipo de jornalista que é "independente" com seus desafetos.

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Seriam os pecados do PMDB menores?

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Esse jornalistas são canalhas!!
E o Noblat é petista de carteirinha, como disse o anonimo das 10:59hs.

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