Folha: um editorial vergonhoso.

O editorial que, um dia, a Folha de São Paulo vai lamentar profundamente ter escrito, seguido de comentários verde-oliva:

"A deposição do presidente de Honduras, Manuel Zelaya, por forças militares faz uso do mesmo expediente que afirma querer combater: violações da Constituição."
Mentira! Está claro na Constituição honduenha que as Forças Armadas deveriam ser utilizadas para manter a ordem. Zelaya invadiu um quartel para retirar urnas e cédulas apreendidas pela Justiça. Demitiu todos os chefes militares. Mesmo assim, não houve golpe militar. Os militares somente agiram sob ordem estrita da Corte Suprema de Justiça. Que violação existe à Constituição? Se dois Poderes, Legislativo e Judiciário, decidem que o presidente deve ser retirado do poder por estar atentando contra o estado de direito, golpe seria se os militares ficassem ao lado de Zelaya, dissolvendo o parlamento e instalando a Justiça Militar. Aí sim, teríamos um golpe.
"Ainda que houvesse razões para tentar impedir medidas inconstitucionais iminentes, não se pode aceitar o golpismo como solução.Zelaya atropelou o Congresso e a Suprema Corte do país para impor um referendo sobre a convocação de nova Constituinte, por meio da qual poderia abrir caminho para se reeleger -seu mandato termina em janeiro.É a fórmula consagrada pelo venezuelano Hugo Chávez -repetida em certa medida no Equador e na Bolívia-, útil a Zelaya também para selar a proximidade com o grupo de governantes que se intitulam bolivarianos."
O que a Folha de São Paulo queria que os "atropelados" fizessem? Ficassem de braços cruzados, após todos os expedientes legais terem sido utilizados para impedir um referendo inconstitucional? Desde março que Zelaya vem sendo sistematicamente derrotado em suas intenções, sem violência, sob o império da lei, pelo Ministério Público, por dezenas de advogados consultados por ele, pela Corte Suprema de Justiça e pelo Congresso. Quem estava dando um golpe utilizando milícias trazidas da Venezuela e da Nicarágua? Quem declarou que não seguiria as ordens da Corte Suprema de Justiça, pois "ela governava só para os poderosos"?
"Tradicional aliado de Washington na América Central, Honduras vinha se voltando ao bloco menos por afinidade ideológica que por oportunismo de Zelaya.Nada justifica, porém, a expulsão do presidente do país, enviado à Costa Rica ainda de pijamas. A atitude evoca o enredo de comédias sobre ditaduras bananeiras e não condiz com a gravidade da crise por que passa Honduras."
A Folha de São Paulo deveria saudar a forma como o presidente foi deposto, sem violência, sem prisão e sem exposição pública. Queriam o quê? Iniciar uma guerra civil? O presidente foi enviado para fora do país para que pudesse haver uma transição sem violência, que é o que estava ocorrendo até o momento em que o mundo se voltou contra a democracia hondurenha. O novo mundo de Barack Obama, aquele que flerta e manda afagos a todo o tipo de ditaduras.
"O Itamaraty acerta ao subscrever a condenação internacional à intervenção militar e pedir que Zelaya seja "incondicionalmente reposto em suas funções".
Onde existe intervenção militar? O presidente é civil, os ministros são civis, os Poderes Judiciário e Legislativo continuam funcionando. Onde está a junta militar? Onde está o general gorila? Onde está o Pinochet hondurenho? Quem assumiu o poder foi o presidente do Congresso, que já marcou eleições e que está apenas cumprindo a Constituição do seu país.
"A OEA (Organização dos Estados Americanos) também condenou o golpe hondurenho. Reiterou, desse modo, compromissos de sua Carta Democrática. O documento trata a democracia como direito dos "povos da América", exige o respeito aos direitos humanos, a "sujeição ao Estado de Direito" e a "celebração de eleições periódicas livres".
A Folha, ela própria, dá todas as razões para a deposição do presidente golpista. Zelaya, exclusivamente Zelaya, estava querendo quebrar o estado de direito no país. Não vamos repetir aqui a cláusula pétrea, de número 239, da Constituição hondurenha, uma perfeição em defesa da democracia, que simplesmente proibe a reeleição e que se toque neste assunto. Uma cláusula criada justamente para evitar o que Zelaya queria: a perpetuação no poder, como seus vizinhos bolivarianos. Sobre eleições, já foram convocadas pelo presidente empossado, para novembro próximo, como manda quem? A Constituição de Honduras, que está acima de tudo.
"Ao requerer que Cuba -estrela ausente do encontro anual da organização, ironicamente realizado em Honduras no início do mês- incorpore tais princípios, requerendo o mesmo de todos os demais Estados, a OEA garante isonomia para atuar em momentos de violação do sentido mais elementar de democracia."
A Folha deveria estar alertando os países latinos para o crime que está sendo cometido ao isolar Honduras, um país cercado pela Guatemala, onde um presidente socialista está sendo acusado de assassinato, com fita gravada do morto alertando que seria assassinado a mando dele. Por El Salvador, onde assumiu recentemente um socialista bolivariano que segue a mesma cartilha de Chávez, que chegou ao poder com uma campanha paga pelo Brasil, feita pelos marqueteiros do PT. E, por fim, pela Nicarágua de Ortega, que dispensa apresentações, com a sua biografia de tirano, corrupto e pedófilo. A OEA e países como o Brasil de Lula estão prestes a jogar Honduras em uma guerra civil, apoiando a volta do presidente deposto. Deveriam, com o apoio de uma cobertura isenta da imprensa, ter a responsabilidade de evitar um banho de sangue, em nome da democracia cercada e atacada por um bando de protótipos de ditadores que está tomando conta da América.

5 comentários

Bom dia a todos.A Folha com esse editorial mostra que a mosca passou antes e se lambuzou no monte de merda que infesta a politica da America latina,especialmente aquela merda bolivariana e seus seguidores brasileiros.Folha,nao leio e nunca pensei em assinar.

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Coronel

Excelente post.

Parabéns.

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Excelente post mesmo, Coronel.
Parabéns [2]

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PUXA, CORONEL,

você me fez lembrar que eu já cometi uma grande besteira na minha vida; assinei por um ano essa porcaria cheia de moscas. Já faz bastante tempo. Tempo suficiente para perceber como fui burro. Talvez essa seja a maior contribuição que esses porcos bolivarianos vão nos legar; a certeza de que são uma quadrilha de vigaristas, com o apoio de várias outras quadrilhas de vigaristas. Não importa o tamanho do apoio que esses cretinos recebam, o que importa É QUEM PAGA A CONTA, a assinatura e os impostos. Estes não vão cair nessa conversa mole nunca mais.

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Parabéns, Coronel, vestiu o itálico de verde, foi `a luta e desconstruiu o editorial cretino da Folha.

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